As instituições sociais promovem resultados e, por isso, devem ser reconhecidas. No entanto, nos financiamentos de seus projetos, sua existência “passa batida”
A expressão popular usada para indicar que algo faltou a alguém e este reclamou: “foi injustiça não terem lembrado e reconhecido fulano?” ou “esqueceram de mim!” também pode ser utilizada na distribuição de bens, quando alguém não recebe o que merece. E aí a pergunta: “e na minha moringa, não vai água?”
Isso ocorre e precisa ser reparado em nome da justiça e da equidade, como no ditado “a César o que é de César”.
Em todas as dimensões da vida, é necessário estar atento à justiça. Isso também se aplica à valorização das instituições que propõem projetos sociais.
As instituições sociais promovem resultados e, por isso, devem ser reconhecidas. No entanto, nos financiamentos de seus projetos, sua existência muitas vezes “passa batida”. Os recursos destinados, conforme os editais de chamadas, são restritos, carimbados apenas para o projeto em si, como se este tivesse surgido do nada, sem a instituição proponente. Sem a existência da instituição, o projeto sequer existiria. Assim, não sendo destinados à manutenção da instituição, o que dificulta a execução do projeto.
Paradoxalmente, vê-se instituições com dinheiro em caixa para a execução do projeto, mas sem recursos para pagar a folha de empregados administrativos, energia, água e para investir no marketing comunicacional.
São as instituições que apresentam oportunidades e projetos para investimentos sociais, que desenvolvem tecnologias, mantêm uma gestão proveitosa. Então, faço a pergunta: ‘onde o povo está?’, ‘suas sedes não precisam se comunicar?’. Enfim, elas existem, e sua existência custa dinheiro, como em qualquer negócio.
No mundo dos negócios, diz-se que eles precisam de capital de giro, bem como de capital de investimento, recursos para custear o capital humano e seus talentos, para os quais é necessário um plano de desenvolvimento e retenção de talentos. Segundo a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), “Investir em desenvolvimento institucional significa fortalecer aspectos como governança, capacitação de equipe, infraestrutura, e sistemas de gestão. Esses investimentos permitem que as organizações não apenas executem seus projetos de forma mais eficiente, mas também ampliem sua capacidade de resposta a desafios e sustentem suas atividades ao longo do tempo.”
Então, investidores sociais, por que não direcionar recursos para a sustentabilidade da instituição? Por que não, afinal, investir no institucional? “Enfim… na moringa do institucional, não vai água?”
Robson Melo é Presidente da FUNDAES, a Federação do Terceiro Setor Capixaba.
Revista ES Brasil – 13 de junho de 2024.